Procurarei sobrepor a este papel fictício minhas parcas poesias. Não pretendem jamais serem obras de consagrado escritor. Sempre serão resultados poéticos de um fragmento de segundos da vida e nunca de toda vida. Expressam um momento, jamais uma eternidade. O título é usurpação à alcunha poética de Cruz e Sousa, assim homenageio.
terça-feira, dezembro 19, 2006
quarta-feira, novembro 01, 2006
Eu Sou Jerusalém
Eu sou Jerusalém
Ventre crivado de balas
Seio rasgado de espadas
Amar-me? Ninguém...
O ódio, e o Ódio, minha divisão
Na fronteira, o Monte Sagrado
Oh dor! Peito mutilado
Monte Sagrado é meu coração
Eu sou Jerusalém
A mãe que é Mãe e órfã
Tem os filhos por corbã
Onde estão? Ao mar, mar'além
Todos cruzados, sem exceção
Genioso, ambicioso sórdido, Constantino
Carrasco, educado nobre, Saladino
Peregrino, explorador, Ben Gurion
Eu sou Jerusalém
A Brasília do Mundo
De filhos imundos
Ratos e gatos também
quinta-feira, agosto 03, 2006
Desejo Prosseguir
Desejo prosseguir...
Se à minha frente o Mar não abrir
Me fará Deus caminhar sobre as águas
Se no deserto não chover
Me fará Deus um poço jorrar
Se as pedras não se transformarem em pão
Me fará Deus que ele caia dos céus
Se as muralhas não ruírem
Me fará Deus que eu as salte
Se meus inimigos não caírem
Me fará Deus que com eles haja paz
Se a Satã eu não puder derrotar
Me fará Deus que um arcanjo o vença
Onde lutar vencerei
E onde plantar colherei
terça-feira, julho 04, 2006
Um Dia Inteiro
A noite é sólida
Me mete em dura escuridão
É insólita, é solidão
É dupla via mão
Quando o olhar toca
Aquela infinita estrela
E uma lágrima a ferver
Alcança o gélido chão
E no contrair-se a menina
Dessa chorante janela
Em meus devaneios
Eu vi a Deus
Vi-O pela razão
Era tão pequeno
Não passava de um alvo
De distante alcance
Vi-O pela emoção
E tornou-se inatingível
E eu... e eu,
Extremamente louco
Vi-O pela Fé
E Ele...
Ele se fez completo
Transcedente, Imanente.
Então, raiou o dia
E a pequena estrela
Tornou-se um dia inteiro
Um dia inteiro.
Lágrima Amiga
A lágrima é uma amiga
Desce tão meiga e carinhosamente
Com seu calor, tentando aquecer o frio da tristeza
A lágrima é uma companheira
Sempre ao nosso lado
Soturna em ajudar
Por vezes ela também chora e
Respinga no chão...
Nesse suicídio de caridade
Percebi que fora amiga
Porque mais que meu choro
Chora minha lágrima
sábado, julho 01, 2006
A Deus
Árvores batem palmas
Cantam os penedos
Sorriem os lajedos
A terra se enconfeiteia
Eis Deus no seu trono
Jesus alegria dos homens
Nesse céu que relampeia
De nuvens que negam o pão
Sob o Sol cálido do pícaro
Pai nosso que estás nos céus
Santificado seja o teu nome...
O mormaço dentro esfomeia-se
Venha o teu reino
Seja feita a tua vontade
Assim na terra como no céu
O pão nosso de cada dia... dá-nos hoje
Eis o viajante,
Perdoa as nossas dívidas
Eis o peregrino,
Assim como nós perdoamos
Eis o forasteiro,
Os nossos devedores...
Armas da Luz
sexta-feira, junho 30, 2006
Sol Sobranceiro
Estoura o brilho na minha fronte
Do raiar do Sol junto a aurora
Evoca arrepios no meu agora
E o meu peito se abre estonteante
Vem belo Sol! A mudar o dia,
Quero vivê-lo intensamente,
A noite é trevas e já não mente,
Antes que esvaia a breve alegria.
Não vá embora Sol, não vá embora
Por favor, fica aqui imponente
Detenha-te pois no horizonte
Senão vai a alegria numa hora
São as trevas, ó desespero
Desce logo, ó lágrima amiga
Entretanto, com essa fadiga
Aguardarei o Sol sobranceiro.
sábado, junho 17, 2006
Recortes
Ecoa o verme
Morre a flor
Vai a cor
Dor infame
Esvai a vida
Finda a lida
Ó, tudo cai
Tudo se vai
Pisa a rosa
Pára a vida
Incauta luz
Homem atroz
Ó, quem dera
Ser, alguém ser
Algo fazer
Já fim da era
Ser o tudo
Na calada
Tudo muda
Tudo mudo
Todo Mundo
Qual o valor
E o amor
Vagabundo
O humano
Sonso môco
Tato louco
Um insano
Nas alturas
Belas vidas
Aves liras
Tão queridas
A Feira
Olha. E quantas casinhas!
Montadas qual um mosaico
Gráfico desde as esquinas
Barracas cobertas ao plástico
Ó quantas cores revela
Enleva a beleza que tem
Tão bem o cheiro atrela
Anula a tristeza meu bem
Surgem as formas variadas
Graúdas, dão gosto de ver
Comer as arredondadas
Que benditas de água reter
Olha! as frutas estão belas
Vermelhas e verdes são
Estão também amarelas
São tantas não lembro não
Olho o chão e vejo tristeza
Rudeza, um mendigo no chão
Com a mão me pede em reza
Vileza, não dou um tostão
Caem restos abaixo das mesas
Crianças correm a pegar
Que lar tão sem regalias
São filhas do “não posso dar”
Ó quantas vacas mortas
Expostas ás mesas. Vêem?
Desdém, se compram com notas
Partidas... que mau cheiro além
Olha, a feira é um mundo
Imundo e belo também
Paradoxo bem mais profundo
Encanta a vista de alguém.
segunda-feira, maio 01, 2006
Loucos ou Normais
A diferença entre o louco e o "normal" é que aquele exterioriza com sinceridade a dor que sente, enquanto o "normal" sempre cai na hipocrisia de ocultar o seu despero, para ser assim considerado normal. Somos todos loucos e fingimos ser "normais", e assim fingimos por querermos constantemente suprir o vício de viver em sociedade, numa sociedade. Desde então, nessa guerra de falsidade contra nós mesmos, criamos internamente nossos próprios hospícios e elegemos nosso psicólogos e psiquiatras. O louco termina por admitir que entre os ceús e a terra há mais filosofia vã do que coisas, e só ele realmente termina por se encontrar com Deus, por ser o louco, o pecador, na sua manifestação em essência, se acolhe em Deus. Enquanto, os normais, sempre, sempre, persistirão em administrar seus manicômios internos e convocar os seus médicos. Finalmente, os loucos, são aqueles que jamais erram o caminho dos céus.
domingo, abril 30, 2006
Os 35 Justos
Há uma lenda judaica que diz que Deus, em todo tempo da história da humanidade, sempre reservou trinta e cinco justos, os quais são como anjos de Deus, nem sabe que os são, geralmente permanecem no anonimato, mas são eles, estes justos, que socorrem a humanidade em grandes conflitos e dificuldades. Será que foram Schindler, Perlasca, Winston Churchill, Gen. MacArthur, Roosevelt, Bertha Sophie, Jimmy Carter, Shimon Peres, Desmond Tutu, Yitzhak Rabin, Nelson Mandela, Rigoberta Manchú, Martin Luther King? Não sabemos, nunca saberemos, provavelmente não. Mas é fato que eles socorreram a humanidade de grandes conflitos, foi por causa deles que não sofremos um mal maior. Eu e você não sabemos, nunca saberemos, se somos algum destes justos, provavelmente não, mas quem sabe? Não sabemos...Porém o mais importante é que começemos a agir como um desses trinta e cinco.
quinta-feira, março 23, 2006
SOZINHOS AQUI
Definitivamente, estamos sozinhos no Cosmos
E assim como ele é, há um universo paralelo dentro de nós
Cheio de planetas, estrelas, galáxias e buracos negros
Prontos para sugarem a alma e a eternidade do espírito
Por mais que tentemos interagir, comunicar, relacionar
Um abismo de energia inerte se estabelece em nosso éter
Estamos, definitivamente, sozinhos no Universo
E esta dor que sentimos de estar sozinhos, mesmo estando perto
Não pode aplacar a necessidade da alma que reluta para viver em meio ao caos
Mas, se a existência exige que pelejemos por algo maior
Este maior, sem que o conheçamos nos sufoca apreende e desconcerta
A aflição do íntimo é minha e sua, está contigo e comigo
Portanto, neste Mundo, estamos definitivamente sozinhos
Como figuras bípedes de raciocínio que nunca evoluem para o bem
Deus nos fez assim mesmo bobos, que por andarem de pé
Acham que a luz da razão pode iluminar as veredas
Tolo é o homem, que se recria e se inventa por seu orgulho
Não passará de qualquer mortal entregue ao pó da terra
Sozinhos, definitivamente estamos Aqui
Não há outra raça de humanos para se descobrir
Nem mais galáxias a conquistar
Ou mesmo extraterrestres para vermos e falar
A Terra é um ponto esquecido no Universo
E estamos aqui, agora neste ponto, sozinhos
Só há uma força que pode dirimir a dor
O grande mal-estar da civilização
Nem que venha pelo sonho, ilusão ou romance
O AMOR, ah... o amor acalma a dor e conforta o coração
E nos religa a nós, ao Cosmos e a Deus
A caridade em tudo é proveitosa, e é por ela que Ele nos fez tolos!
Então, a sensação de estarmos definitivamente sozinhos
Sobrevém porque não deixamos o amor volver a mímese dos sonhos
Calcar os nossos pés nos ladrilhos das ilusões pode ser perigoso
Mas é melhor sonhar do que nunca oferecer um palmo à vida
O ser inerte que sonha está vivo
E um ser vivo sem utopias está morto
Destino e Brisa
Sempre nos deparamos com duas grandes questões do universo: se somos levados pelo destino ou se somos movidos ao léu por uma brisa. Se há destino a vida tem propósito, mas estamos condicionados a uma prisão. Se por uma brisa, não há propósito nem valor para vida e vivemos ao léu, como já disse, o que é um falsa liberdade. A grande questão é que ora sentimos viver por um destino, ora um brisa nos leva. Se pelo destino é muito bom saber aonde vamos, quando iremos chegar, com que iremos chegar. Se por uma brisa é muito bom senti-la tocando ao rosto no dia-a-dia sem um compromisso de fim e término, numa simulação de eternidade. Porém, não há com que se preocupar, como reis e rainhas da criação divina, em nós os dois ocorrem ao mesmo tempo. Tanto somos levados pelo destino como levados por uma brisa ao léu. Somos como aquela pequena pena branca, de plumas livres esvoaçantes de Forest Gump, que aparece no início aos pés do contador de histórias e se vai ao final do filme. E desse modo, o destino nos leva até a metade do caminho, o resto, livre como uma brisa, quem faz é você.
terça-feira, março 21, 2006
Ser
segunda-feira, março 20, 2006
Biografia Mensageira
Não escrevo por estar entre os escritores
Tento compartilhar entre os que sofrem
Por existência, amargando suas dores
As quais más não são, boas porém,
Sobem dos intestinos e dissabores
Poesia que nem sempre me convém
Que me relega a pouquíssimos leitores
Pois assim é e estes existem
Porque de mim tornei-me leitor dos pobres
Quais como eu, nas letras se defendem
De seus anseios e sentimentos menores
E assim, como poucos, dessas frases dependem
Assumindo em Deus todos seus temores
Pois de nós, autônomos, independem