sexta-feira, agosto 27, 2010

Santiago por um Plágio




Vagueio, dou voltas sem direção
Estou solitário em Santiago, Santiago é tão amável
Cruzo ruas sem medos, todo mundo deixa o caminho livre
Sei que não conheço ninguém aqui pra dizer alô
Somente sei que deixam o caminho livre, estou solitário em Santiago, sem medos
Vagueio, dou umas voltas, sem direção

Enquanto meus olhos buscam seres no espaço sideral
Enquanto meus olhos buscam seres no espaço sideral

Domingo, segunda, o inverno, passam por mim
Pessoas transitam apressadas com muita paz
Um mendigo chega a um policial e ele parece cheio de prazer em poder atendê-lo
Que bom, estar vivo é uma bênção, concordo...
Parecia contente por isso, pelo menos, e é tão bom viver em paz
Através domingos, segundas, os anos, concordo ...

Não escolho nenhum rosto para olhar ... não escolho um caminho
Ocorre que apenas estar aqui é estar tudo bem
Grama verde, olhos azuis, céu cinza, Deus abençõe esta dor silenciosa e esta felicidade
Eu vim para dizer sim e o digo

Enquanto meus olhos buscam seres no espaço sideral
Enquanto meus olhos buscam seres no espaço sideral

quarta-feira, setembro 16, 2009

Homo definiri nequit - o ser humano não pode ser definido


A reflexão a seguir visa orientação. Resiste à tentação de resumir a complexidade do ser em formas simplistas. Seria o ser humano nada mais que um ponto de interrogação? O ser humano precisa ser definido, ainda que de forma imperfeita, provisória, aproximativa. As pessoas não deixam de perguntar por origem, futuro e valor. Querem saber a verdade sobre si próprias. Sonham com um mundo mais humano. A sociedade também tem esse desejo, por isso define-lhe em seus direitos e deveres. Toda ela emana de determinada conceituação do indivíduo e é transparente para com o mesmo. Em todo relacionamento humano está implícito uma antropologia. A nossa convivência, portanto, não pode deixar a definição do que somos ao acaso ou ao arbítrio das pessoas. Juntos podemos tentar salvar as pessoas dessa degradação que impõem sobre si mesmas, agredindo a própria vida. Essa ameaça diante do mundo tecnizado, globalizado, exige a cooperação de todos. É a identidade do ser humano que está em mira. Só poderemos estar livres sob a perspectiva do resgate da criação, que somos seres à imagem do Criador. E, nesta perpectiva, só poderemos alcançar a liberdade se nos conformarmos a imagem de Seu Filho, Jesus, o de Nazaré.

domingo, setembro 13, 2009

Pensamento

Espírito formatado e mente configurada para mais um espectro de batalha.

quinta-feira, março 05, 2009




Se Machado estivesse certo
E todo homem fosse um Cubas
Morrer não seria nada bom
Tornar-se-ia triste ver nos afagando
Aqueles que a vida inteira nos espezinharam
Tornar-se-ia triste ouvir nos louvando
Aqueles que constantemente nos maldisseram
Tornar-se-ia triste observar nos canonizando
Aqueles que um dia amaldiçoamos
Lida hipócrita dos fétidos
Obra da insinceridade
Ó verme, rasgai minha coxa
Já não sinto dor,
Que eu não contemple a tirania.


Que ninguém durma!
Que ninguem durma...
Meu mistério morrerá comigo
Ninguém saberá meu nome
Desapareça, ó noite.
Sumam, estrelas!
Na alvorada vencerei.
Sim, eu vencerei.

terça-feira, setembro 04, 2007

Primeira Coríntios Treze




Ainda que eu fosse poliglota
entre os homens e os anjos
E não possuísse amor,
Tornar-me-ia um bronze que treme
ou um címbalo que chora,

E ainda que eu tenha profecia
E saiba todos os mistérios
E toda ciência,
E ainda que eu tivesse toda fé para teletransportar montes
E não possuísse amor, permaneceria vazio
E ainda que doasse todo meu monopólio
E ainda entregasse meu corpo para que incinerem
E não possuísse amor, continuaria a ser um inútil.

O amor tarda irritar-se, permanece benigno,
O amor não enciúma,
O amor não se exibe,

Não se ensoberbece,
Não age indecentemente
Não busca futilidades para si mesmo,
Não amola,
Não premedita o mal
Não graceja sobre a injustiça

Porém,
rejubila-se com a verdade

Tudo tolera,
Tudo crê,
Tudo espera,
Tudo resiste,

O amor nunca desmorona,
Se, porém, houver profecias
Desaparecerão.
Se, porém, houver línguas
Acabarão
Se, porém, houver ciência
Dissipar-se-á

Porque conhecemos partes
E profetizamos partes

Quando, porém, chegar o que é concluso
O que está em parte dissipar-se-á

Quando eu era uma criança,
Falava como uma criança,
Sentia como uma criança,
Raciocinava como uma criança,

Então... tornei-me homem,
Parei com as coisas de criança,

Agora, portanto, vemos por espelho em enigma
O que será visto face a face
Agora conhecemos por partes
O que conhecerei assim como sou conhecido

Agora, porém, permanece:

Fé,
Esperança,
Amor.

Da tríade,
O maior destes
É o Amor

quinta-feira, agosto 09, 2007

Bonhoeffeando




Quem sou eu?
Freqüentemente me dizem,
Que deixo minhas quatro paredes,
Sereno, alegre e firme.
Como quem sai de uma fortaleza.

Quem sou eu?
Freqüentemente me dizem
Que falo com os que me observam
Livre, amável e com clareza.
Como se fosse eu a mandar.

Quem sou eu?
Também me dizem
Tranqüilo, sorridente e altivo.
Como alguém acostumado a vencer.

Então, serei realmente
tudo isso que dizem a meu respeito?
Ou sou apenas o que sei a
respeito de mim mesmo?

Inquieto, ansioso, doente,
Como um pássaro numa gaiola,
Lutando para respirar
como se mãos apertassem a garganta,
Faminto por cores, flores,
Pelo canto dos passarinhos,
Sedento de uma palavra amiga,
De atenção,

Tremendo de ira
Por causa da arbitrariedade
E ofensa mesquinha,

Irrequieto
À espera de grandes coisas,
Em angústia impotente
Pela sorte de amigos distantes,
Cansado e vazio até para orar,
Para pensar, para criar,

Desanimado
E pronto para me despedir de tudo?

Quem sou eu?
Este ou aquele?
Sou hoje este e amanhã um outro?
Sou ambos ao mesmo tempo?
Diante das pessoas um herói
E diante de mim mesmo um hipócrita?
Covarde, queixoso e digno de pena?

Ou aquilo que ainda há em mim
Será como um exército derrotado,
Que foge desordenado
À vista da vitória já obtida?

Quem sou eu?
Um solitário a perguntar
Que zomba de si mesmo,
Rígido consigo mesmo?

Seja eu quem for,
O Senhor, ó querido Deus,
Sabes que Te amo
E que sempre, sempre pertencerei
A Ti.

AMÉM!
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sábado, junho 09, 2007

Raça Celofânica


Um dia descobrimos que não somos tão fortes,
De tudo isso, o pior é saber que jamais houve fortaleza alguma
Os portais se dissipam
E as muralhas viram miragens
As pessoas evaporam
E nos deparamos com um deserto eterno
Em derredor, em derredor, um deserto sem fim
Que bela ficção é a raça humana.

Auto-retrato




Eu uma cebola
Um bulbo cheio de camadas
Que se interpõe em outras camadas
Cada camada menor, Intra-robusta
Cresce e expulsa a camada externa
Cada camada menor mata a si mesma
A Cebola mata-se constantemente
Eu sou assim da cebola uma metáfora
Um ser que nasce e se mata a cada dia
O Addson que nasce pela manhã
Será morto pelo Addson que nasce a tardinha
Porque ambos não conseguem coexistir hipostaticamente
É uma luta colossal, a última camada sempre resiste
Mas a nova termina por vencer
Certo dia, nessa luta titânica de Addsons
Aquele que morria perguntou àquele matava:
- Por que me odeias tanto?
E Addson respondeu:
- Porque um dia te amei demais.
Quem sou eu uma cebola!
Vá se catar!

terça-feira, dezembro 19, 2006



Quando a morte chegar
Que seja pelo menos amiga
Demore um pouco comigo
E faça-me companhia,
Que seja lenta, e atenta
E participe comigo
De meus últimos suspiros
Até fazer descansar meu coração
E a luz de meus olhos se apagarem
E coloque-me como Mestra
Junto ao vale da sombra da morte
Ao alcance da Luz Final.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Eu Sou Jerusalém



Eu sou Jerusalém
Ventre crivado de balas
Seio rasgado de espadas
Amar-me? Ninguém...

O ódio, e o Ódio, minha divisão
Na fronteira, o Monte Sagrado
Oh dor! Peito mutilado
Monte Sagrado é meu coração

Eu sou Jerusalém
A mãe que é Mãe e órfã
Tem os filhos por corbã
Onde estão? Ao mar, mar'além

Todos cruzados, sem exceção
Genioso, ambicioso sórdido, Constantino
Carrasco, educado nobre, Saladino
Peregrino, explorador, Ben Gurion

Eu sou Jerusalém
A Brasília do Mundo
De filhos imundos
Ratos e gatos também